segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Crônica da Casa Assassinada


E chego a um novo projeto: “Crônica da Casa Assassinada” com direção de Gabriel Villela e iluminação de Domingos Quintiliano. Já tendo cumprido temporada no Rio de Janeiro (teatro Maison de France), pego a adaptação para os palcos do meu conhecido SESC Vila Mariana.

A montagem começou dia 13 de setembro e teríamos três dias pra realizá-la, sendo a estréia no dia 16. De posse do mapa que recebi do Domingos (já adaptado), fiquei tranqüilo pensando que teríamos tempo de sobra.

A situação toda se complicou logo no primeiro dia quando descobri que Domingos não poderia estar presente o dia todo e a montagem ficaria na minha mão pelas instruções que ele havia me passado. É bem verdade que ele me passou um material extremamente útil: fotos da afinação de cada canal. Ainda assim, haviam detalhes que eu desconhecia, além de não conhecer a peça no todo (a não ser por vídeo).

Esses dois primeiros dias foram confusos pra mim, fiquei bastante receoso. Fizemos o que pudemos no teatro, dentro do limite do quanto consegui entender do material que me foi passado. Fiz adaptações. As possibilidades de angulações no Vila Mariana eram muito diferentes daquela do Maison.  Percebi, por exemplo, que não poderia fazer a parte da geral que pega o fundo do cenário com os refletores da sanca porque eles projetariam as sombras dos refletores da vara de proscênio sobre o palco. Assim, criei uma nova geral composta de 6 fresnéis de 1kW na vara de proscênio que acredito ter resolvido bem a situação.

Outro probleminha com que me deparei foi que o elipso que fazia o efeito verde na cruz atrás da porta não pegava toda a altura da cruz, deixando a ponta superior escura. Pra resolver o problema, precisaria criar algo que complementasse a mancha verde do elipso. Considerando que tínhamos duas PAR 56 (locolight) sobrando (foram locadas a mais), resolvi utilizá-las pra fazer esse complemento. Instalei-as na estrutura superior que suporta as pilastras do cenário. Além da gelatina verde (R86), tive que usar um forte difusor de forma a amaciar a luz desses refletores já que a mesma é bem suja.

E probleminhas desse tipo foram surgindo a todo instante, coisa mais ou menos normal de acontecer entre a concepção de um projeto de luz e sua execução. Talvez uma das questões que mais me incomodou nesse processo todo foi o que considerei minha inabilidade de coordenação de montagem. Percebi que ainda tenho muito o que aprender  sobre essa área e devo me preparar e organizar melhor nesse sentido. Quando nessa posição, a equipe olha pra ti em busca de respostas e soluções, ordens claras, rápidas e precisas. Dúvidas tornam-se sinal de fraqueza e incompetência e por vezes vi-me nessa situação. Só não foi pior porque eu, ao menos, conheço o pessoal da casa e a equipe que estava presente era de colegas com quem estou normalmente trabalhando.

Por fim, o grande dia: a estréia. Não tendo feito um ensaio técnico completo e contando apenas com o que vi do ensaio dos atores e do vídeo, parti pra operação com mãos trêmulas. A mesa utilizada foi a da casa, uma ETC Express 48/96. As cenas foram salvas em subs em quatro páginas  cada uma com 13 cenas aproximadamente.  Domingos preferiu assim por ter feito dessa forma em um dos lugares por onde a peça passou e ele utilizou uma mesa Avolites onde ele simplesmente  girava o rolo para a troca de página.

Devo dizer que nesse momento,  a figura de César Augusto foi essencial. Esse assistente de direção, sentado ao meu lado, guiou-me durante toda a apresentação, ajudando em todo o processo de operação. Claro, não foi perfeito e muita coisa teria de ser trabalhada pros dias seguintes. Mas também não fui tão ruim quanto imaginei que seria. No geral, senti que consegui respirar junto com os atores e tudo fluiu.

Semana seguinte e primeira remontagem. Novamente tenso, com medo de não encaixar as peças nos lugares certos. Mas sinto que estou conhecendo cada vez mais essa peça, que faço parte da história já de alguma forma. Que ajudo a contá-la.

Quanto à peça em si, devo admitir que tive um certo preconceito à primeira vista, mas agora me apeguei. Tenho apreço particular por certas cenas como a do bêbado. Achei interessante que o elenco e a direção reforcem diariamente a idéia de um aquecimento coletivo. Acho legal a atitude dos atores que todos os dias cumprimentam a todos da equipe e reconhecem nossos trabalhos. Parece meio óbvio, mas nem sempre essas ações são tão comuns assim.

Coloco a seguir o mapa atualizado para o palco do Teatro do SESC Vila Mariana.




Ficha Técnica


Elenco: Cacá Toledo, Flávio Tolezani, Helio Souto Jr., Letícia Teixeira, Marco Furlan, Maria do Carmo Soares, Pedro Henrique Moutinho, Rogério Romera e Sérgio Rufino
Atriz convidada: Xuxa Lopes
Direção: Gabriel Villela
Cenografia: Márcio Vinícius
Figurino:Gabriel Villela
Iluminação: Domingos Quintiliano
Sonoplastia: Gabriel Villela
Operador de luz: Fernando Azambuja
Operador de som: Marcelo Violla
Direção de palco: Alex Peixoto
Camareira: Marlene Collé
Assistência de direção: César Augusto e Ivan Andrade


Serviço
SESC Vila Mariana
Rua Pelotas, 141 - Vila Mariana
De 16.09 a 16.10
Sextas e sábados às 21h
Domingos às 18h


Câmbio, B.O.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

3º dia de CUE

Chegamos ao último dia. Foi estranho mas já cheguei no centro de convenções com aquela sensação de despedida, de ser uma pena aquilo tudo estar acabando. Foi tudo muito incrível. Estrutura bacana, organização muito boa, infraestrutura pros participantes, material, atenção por parte dos profissionais... enfim, dá pra entender que a coisa realmente foi muito bem preparada.

Ontem, pela minha apresentção, o Joe, responsável pelas apresentações, me deu um vale brinde em que eu poderia pegar qualquer item da loja de lembranças da ETC. Chegando lá, resolvi que queria o DVD de treinamento básico da ION. Descobri, pra minha tristeza, que o DVD era, tecnicamente, um produto e não um dos souveniers da loja. Portanto, meu cupom não valia pra ele. Contudo, após conversar com algumas pessoas, colocar meus motivos, resolveram aceitar e pude levar o DVD. Entregarei pra escola como material didático. Aguardem.

O dia começou com uma palestra do Jason Lyons, um famoso iluminador de espetáculos da Broadway. Pareceu-me um cara sensato, o tempo todo colocando em perspectiva algumas questões bem obtusas levantadas pelo público.Uma característica interessante do discurso dele é que, por ele ser da Broadway, o nível de equipamento com que ele trabalha é simplesmente algo descomunal com o qual eu nem sequer imaginava. Coisas como 400 Parleds, 200 movings e 8 mil canais de mesa são coisas comuns pra ele. Chegou a falar de um espetáculo que ele fez que tinha em torno de 1400 cues...

Fui pra minha primeira aula do dia. Sistemas de rede, particularmente, o sistema Net3 da ETC. Foi muito interessante entender também um pouco das possibilidades dessa nova forma de interligar o equipamento, as vantagens que isso oferece. Foi outro espaço em que fui avassalado por números. Pelo Brasil, não sei se já temos esse equipamento, mas a ETC tem toda uma linha de equipamentos voltados pra iluminação arquitetônica e os sistemas arquitetônicos e teatrais conversam entre si. O palestrante colocou um exemplo de um lugar em que eles montaram a estrutura e era algo descomunal. Ele chegou a falar que 16 mil canais eram pouco pra esse projeto. Citou que, certa vez, alguém por engano chegou a ligar no sistema de dimmers todas as luzes do local. E a fornecedora de energia da região ligou pro local pra saber o que estava aontecendo... (esperem o post da fábrica da ETC...)

Fomos almoçar e assisti a apresentaçãoes de outros participantes do evento. Alguns trouxeram umas coisas bem interessantes. O que mais me chamou atenção foi o último. Era um cara que adoarava construir soluções criativas pra novas fontes de luz. A forma como ele construiu uma tocha elétrica, vagalumes e outras traquitanas foi simplesmente genial!

A próxima aula era uma palestra conjunta do Jason com o programador dele, o Victor Seastone. Sei que parece estranho falar em programador na iluminação, parece coisa de informática. Mas por aqui, isso é levado muito a sério, principalmente na Broadway onde as coisas são absurdamente grandes. Ele falou de algumas experiências dele e algumas práticas que ele considera importantes em seu trabalho.

Sigo pra mais uma aula. Dessa vez, manutenção de equipamentos. Admito que o palestrante não tenha me revelado nenhuma grande novidade, mas valeu porque peguei alguns detalhes interessantes dos racks e dimmers ETC.

Fomos pra última aula do dia e do evento como um todo. "Resolução de problemas" era o nome. O palestrante é um dos responsáveis pelo atendimento ao consumidor da ETC e é quem resolve a maior parte dos problemas dos clientes. Ele também não ensinou nenhuma mágica mas ajudou a construir uma mentalidade de resolução de problemas interessante. Estabeleceu algumas práticas, métodos, caminhos possíveis, tudo de forma bastante abstrata, de tal forma que aquilo poderia ser aplicado a qualquer sistema, não só ETC.

Um detalhe interessante sobre essa palestra é que o palestrante é um dos responsáveis pelos treinamentos ETC. Acabando a aula, conversei com ele sobre a "questão Telem" e um pouco sobre a escola. Ele me disse que tem planos pra América no Sul, mas ainda não estruturou muito bem por falta de tempo e porque é algo que ele ainda deve pensar a respeito. Deu-me seu cartão e disse pra entrar em contato com ele pra pensarmos alguma coisa, talvez até mesmo incluindo a escola. Quem sabe?

Outra pessoa que me deu seu cartão foi a assistente do gerente regional para a América do Sul, Heidi. Disse que, qualquer problema, poderia entrar em ontato com ela. Enfim, alguns contatos importantes de se ter.

E foi assim meu último dia na CUE ETC. Após despedir-me de alguns, saí de lá com a sensação de "quero mais". Foi muito boa a sensação de ter contato com alguns conhecimentos realmente novos. Nem sequer tive a chance de visitar o laboratório deles pra experimentar nas mesas as coisas que aprendi. Mas acho que valeu. Amanhã, ainda estarei por aqui e vou dar uma volta pela cidade. Acho que foi um evento gostoso onde todos ali se sentiram acolhidos pelo pessoal da ETC. Nesse sentido, acredito que o discurso do Fred (ver post de ontem) não era falacioso. Ficam aqui os votos pra que, de fato, esse evento volte a acontecer. E que eu possa viver essa experiência bacana mais uma vez.

Câmbio, B.O.

2º dia de CUE

E chegamos ao segundo dia como já esperado: exausto e tremendamente nervoso pela apresentação que iria ocorrer na hora do almoço. Consegui terminar de montá-la ontem à noite, mas estava longe de devidamente ensaiada e estudada. Cheguei ao Centro de convenções e me deparei com a apresentação do Fred Foster, CEO da ETC. O cara pareceu ser bem trânquilo, gente boa mesmo. Claro que, apesar de uma parte do discurso ser bem bacana, contando a história da empresa quando ele começou a fabricar seu primeiro console na garagem dos pais junto com o irmão, também teve muito papinho de vendedor tentando vangloriar a própria marca.

O interessante da apresentação, além de conhecer um pouco da trajetória da empresa, foi que ele utilizou um protótipo em que a ETC está trabalhando: elipsos de LED. Qualidade? Admito que achei bem interessante. Acredito que conseguiram atingir um campo bem amplo de cores do espectro, isso porque acho que usaram os mesmos conceitos de LEDs que foram usados nas linhas Selador e Desire, onde você tem sete cores báscicas pra tentar montar o espectro. O branco, é claro, não tinha a mesma temperatura de um elipso com halógena, mas ainda assim gostei bastante do brilho. A promessa deles é atingir o branco solar.

Terminando a apresentação, começaram as sessões. Aqui, devo admitir que meu dia já não foi tão produtivo quanto ontem. Hoje, pra mim, ficou clara uma certa diferença que existe entre os modos de produção e poder aquisitivo brasileiro e americano. Eles são muito mais ligados a essa questão tecnológica do que nós. Até mesmo pela facilidade que têm em conseguir materiais. Soube, por exemplo, que e ETC fornece material gratuito pros teatros de algumas escolas com finalidades de beta teste. Logo, se eles têm acesso a esse tipo de material, então eles também entenderão muito melhor uma série de conceitos relacionados a essas tecnologias que nós não temos por terras tupiniquins. E foi aí que comecei a ficar perdido.

Minha primeira seção foi sobre a filosofia de programação dos consoles. Em outras palavras, seria algo como explicar o porquê que algumas coisas na mesa funcionam da forma como funcionam. Não que não tenha sido útil mas, ao longo do dia, fui percebendo que alguns assuntos simplesmente requeriam um certo conhecimento anterior que eu não tinha.

Acabada essa seção, tivemos o intervalo do almoço em que não comi pra aproveitar e estudar um pouco melhor minha apresentação.E veio a apresentação. Comecei a tremer, gaguejar, suar frio. Eu dominava sim o assunto, mas tinha o lance do formato Pecha Kucha que eu deveria seguir (20 slides de 20 segundos, totalizando uma apresentação de 6'40") e além disso meu inglês já não está tão bom quanto á foi em tempos idos. Eu compreendo boa parte do que escuto, mas ando tendo uma certa dificuldade pra falar. Simples falta de costume, mas nada disso me consolava pra apresentação. A ideia é que eu começasse falando um pouco sobre minha relação com a escola de daí partisse pro Guilherme, Vertigem , estudo de caso do BR-3 e daí, por fim, chegar ao projeto do Hamlet Machina. Pois bem, fiz o melhor que pude, quase desfalecendo de nervoso na frente daquele povo, sem saber exatamente se aquela galera mega profissional e com outra cabeça gostaria do meu trabalho mambembe.

Pra minha total surpresa, acredito realmente que fui bem recebido, ao menos pela maioria. Muitas pessoas vieram falar comigo depois de como aquele assunto era interessante e como eles ficaram fascinados com a ideia de fazer algo tão legal com tão pouco. Admito que fiquei bem felliz com essa recepção, as pessoas foram bastante simpáticas e deram bastante suporte. Principalmente o pessoal da ETC que o tempo todo me apoiou e fez de tudo pra me ajudar (até levar algo pra eu comer quando eu cheguei atrasado na aula e não tive tempo de tomar café!).

Aliás, só como um aparte, é incrível como essa viagem tem sido interessante no que diz respeito às pessoas generosas e prestativas que tenho encontrado pelo caminho. Desde minha saída de São Paulo quando as atendentes da Cia aérea me ajudaram a remarcar o vôo até uma moça aqui do albergue que me cedeu um pouco da comida dela, do cara que chegou de madrugada e me ouviu com a maior paciência do mundo ensaiar minha apresentação até o outro que me arranjou uma toalha quando eu achei que tinha perdido a minha, da menina da ETC que me trouxe comida dentro da sala ao meu parceiro de mesa do primeiro dia que teve a maior paciência em me ensinar uma monte de coisas, todos esse encontros me fizeram acreditar um pouco mais na humanidade.

Então continuamos com mais algumas aulas (sobre MIDI e pixel mapping) e chegamos ao fim das aulas de hoje. Vem a parte legal: piquenique na fábrica da ETC! Na porta do centro de convenções um ônibus nos buscou e levou até lá. Comemos e bebemos do lado de fora, em tendas montadas num gramado em frente à fábrica.

O próprio Fred apareceu em determinado momento vestido de sorveteiro e como eu já tinha terminado meu almoço, resolvi pegar um picolé e levar um papo com meu amigo Fred. Devo dizer que tomei coragem pra levantar o assunto Telem e ele ficou interessado...


Depois disso, entramos na fábrica e nos deparamos, logo na sala inicial, com o que eles chamam de Town Square. Vejam vocês mesmos.


E vejam que legal a tigela de doces deles.


Depois dessa sala inicial, entramos na fábrica propriamente dita. O problema é que essa parte, acredito, exige um post particular deste blog. Muitas fotos, muita informação e já está tarde e amanhã tenho que acordar cedo novamente. Por hora, fica aqui um gostinho.


Câmbio, B.O.

terça-feira, 26 de julho de 2011

1º dia de CUE

E chegou o grande dia. Às 9h da manhã começava o motivo de toda essa minha grande odisséia pra estar aqui. Tendo que resolver algumas burocracias de registro no albergue, acabei não conseguindo chegar tão cedo ao evento e perdi um café da manhã incrível que eles ofereceram aos participantes. Passei no registro pra pegar meu crachá e meu material e fui correndo pro meu workshop de Treinamento Intermediário em mesas Ion.

Acabei tendo tempo pra me acomodar tranquilamente na sala, mas ainda estava frustrado e com fome por ter perdido o café da manhã. E estava preocupado também, pois ainda estava devendo minha apresentação que farei amanhã.

A aula começou e fiquei feliz que consegui acompanhar pelo menos uma boa parte. Ficamos das 9h às 16h com alguns intervalos nesse período. O material deles é impecável. Recebemos uma apostila muito boa com vários exercícios práticos, caderno, caneta, bolsa e até um pendrive de 2gB! Isso mesmo. A presilha do crachá, quando solta do cordão que o acompanha, revela um pendrive que já veio com vários arquivos de documentação sobre o evento e produtos ETC.



Os instrutores eram realmente bons, sabiam muito sobre a mesa, detalhes absurdos. A maioria de nós treinou numa Ion, em dupla. Outros em mesas EOS, muito similares. O tempo todo, tínhamos um PC ao lado rodando Capture (um software de visualização). Portanto, não era só teoria, tínhamos como ver o que fazíamos.



Dei a sorte de ter um bom parceiro ao meu lado. O cara já sabia muita coisa. O Chris trabalha como diretor técnico do teatro de um colégio numa cidade vizinha de Madison. Ele me ajudou muito e graças a ele posso dizer que saí daquela aula com uma boa sensação de que realmente entdendo um pouco melhor esse console.

Após a aula, momento descontração: coquetel e bate papo.
De repente, a grande expectativa da noite: o anúncio do tão esperado novo produto ETC.
Trata-se de um novo console chamado Gio. Seria um console voltado principalmente a produções de médio porte (quase o mesmo nicho a que se destina a Ion). Ainda é um produto da família EOS, então a interface ainda é bastante parecida e o diálogo entre protocolos, arquivos etc. ainda acontece.


Além de uma série de mudanças na estrutura interna de programção, haviam algumas características grandes bem marcantes:
- Ela vem com dois monitores touchscreen embutidos cuja altura pode ser regulada e tem saída pra mais 3 monitores DVI totalizando 5 monitores que se pode ter
- Muito menos faders que na maioria das mesas. Como na Ion, os faders podem ser configurados pro que o programador quiser que ele seja. Há a possibilidade de expansão com fader wings adicionais conectados via porta USB
- Entre os dois monitores, há um espaço com uma série de botões personalizáveis
- Como a Ion, será vendida em versões que variam de acordo com o número de universos

Esse brinquedo começará a ser comercializado em setembro. Interessante? Acho que ainda prefiro a Ion.

Depois disso, tive que dedicar um tempo a terminar minha apresentação afinal, a Sarah, a funcionária da ETC que ficou responsável pela minha apresentação estava me dando a maior força e não podia deixá-la na mão. Então agarrei uma cerveja e voltamos ao trabalho!


Lembram do Nick? Aquele americano que chegou a ir na SP Escola de Teatro pra nos apresentar as ribaltas da linha Selador? Encontrei com ele por lá. Estou pensando em formas de abordar o assunto "Telem"...

Há alguns detalhes a mais que eu gostaria de compartilhar com vocês, mas já são 3h46 da madrugada por aqui e acordo cedo amanhã. O presidente e co-fundador da ETC, Fred Foster faz um pronunciamento às 8h. Então perdoem-me o cansaço. Mas deixo aqui uma última imagem da vista do salão principal do centro de convenções.


Câmbio, B.O.

domingo, 24 de julho de 2011

Da viagem

São 15h15 agora. Ao menos esse é o horário aqui em Madison, cidade pitoresca do estado norte americano de Wisconsen. Acabo de chegar e fazer meu check-in no albergue. Até agora, pelo que pude ver, linda cidade. Ruas limpas e organizadas, bom equilíbrio entre o urbano e o provincial. O albergue merece especial atenção: bem limpo, pessoal bacana, lugar colorido. A recepcionista se chama "Pretty". Achei fofo (significa "bonitinha"em inglês).

O vôo foi cansativo. Estou de 12 a 15 horas numa maratona de aeroportos e aviões. E salve as meninas da United que me salvaram de uma fria. Obrigado meninas, estejam onde estiverem.

E já devem ter visto aí nos jornais, mas minha surpresa: aqui está desesperadoramente quente! No albergue, todos os ventiladores ligados, um quente abafado insuportável. À noite, acho que vou dar uma volta no lago pra refrescar as ideias. Mas isso, só depois de terminar minha apresentação que farei na conferência e que deveria ter entregue há dias.

Fotos virão mais tarde, não se preocupem.
Agora vou pra rua. Saudade.

Câmbio, B.O.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Quando na Índia, afine como os indianos

Como muitos sabem, uma de minhas principais fontes de renda é o trabalho que realizo como cenotécnico/técnico de iluminação autônomo pro SESC Vila Mariana.

Há poucas semanas, ocorreu um evento por lá de uma semana de duração de homenagem à cultura indiana. No primeiro dia da programação, haviam dois eventos escalados para o teatro: uma apresentação de música e outra de dança. A de música teria iluminação de Juarez Adriano, grande técnico e colega de trabalho (um dos indivíduos que auxiliou minha vinda a São Paulo). A dança, por sua vez, teria iluminação de um indiano cujo nome eu esqueci. Já antecipando a dificuldade de comunicação com o cidadão, e considerando que ele era o convidado, Juarez decide montar a luz do cara e adaptar sua luz.

Começamos os trabalhos e logo assumi a função de tradutor por ser o que entendia um pouco melhor o parco inglês britânico de forte sotaque indiano do nosso convidado. Muitos desentendimentos depois, surge um outro indivíduo que se apresenta com um inglês um pouco melhor como um dos bailarinos da dança. Ele me ajuda a entender um pouco o iluminador e vamos conversando.

Paremos agora pra apontar um detalhe na história. O Juarez havia colocado no chão junto à rotunda uma bateria de refletores PAR de forma a desenhar um leque com as cores da bandeira da Índia. O diferencial é que ele fez um leque assimétrico, deslocando-o todo para a esquerda e, portanto, criando faixos de tamanhos variados no tecido.

E qual não foi minha surpresa quando o bailarino indiano sugeriu que o leque fosse centralizado e simétrico, pois ele considerava a proposta do Juarez "óbvia demais". Agora, só recapitulando pra ter certeza de que ninguém perdeu nada: ele considerava a assimetria óbvia e a simetria original. Isso me deixou intrigado o resto da noite. Fiquei pensando nas diferenças culturais, nas motivações, nas diferentes concepções artísticas entre os povos. Como, pra nós do ocidente, os valores são outros. E com isso, fiquei curioso sobre a luz que estava sendo montada e passei a prestar mais atenção em seu desenho.

Se dissesse que gostei, mentiria. Haviam ali diversos elementos que eu faria diferente. Mas de alguma forma, aquela luz que pra mim era bem estranha e disforme, fazia algum sentido no contexto do espetáculo. Fico me perguntando se, caso tivéssemos uma melhor comunicação, a luz dele não poderia ter ficado melhor acabada, mais desenvolvida. O que vi foram focos completamente fora de simetria e sem nenhum rigor de afinação (foco, tamanho), uma operação bastante dinâmica, quase como se ele procurasse os dançarinos com a luz e, muitas vezes, um excesso de luz com contras, frentes e laterias de cores variadas ligadas a full simultaneamente.

Quanto à dança em si, gostei bastante das coreografias e da cultura ali apresentada, com os aspectos religiosos/mitológicos deles fortemente presentes. Só senti que, ao contrário do que o cônsul indiano afirmara, eles não enviaram "o seu melhor". Tive a impressão de que o corpo de dançarinos era composto por jovens inexperientes. A imprecisão, a assincronia e o desequilíbrio eram constantes.

Ou seria isso, junto à luz, parte de um conceito maior?

Câmbio, B.O.

terça-feira, 7 de junho de 2011

ETC e aeroportos

Devo confessar que minhas costas doem, meus olhos ardem de sono e meu estômago está cheio de besteiras que comi. Minha carteira, bem, não falemos dela que fico triste. Mas hoje, às 19h55 embarco num vôo de volta a São Paulo com uma certeza: consegui meu visto norte-americano. Agora, a única coisa me separando de Madison é a passagem a ser comprada pela Escola. Isso e um tempo que parece não passar.

Uma pena que não possa ficar uns dias aqui em Recife. Algo aqui me lembra o Rio de Janeiro. Talvez o ar e seu cheiro de água marinha, talvez os ônibus, o caos, as pessoas, não sei ao certo. O fato é que gostaria de ter dado um pulo na praia, mas fiquei com medo de perder a hora.

No consulado, tudo trânquilo. Algumas horas de fila, um pouco de chuva, muito sol e tempo quente. Mas depois de uma rápida entrevista por trás de um vidro blindado em que nem tive que apresentar metade da documentação que levei, fui aprovado. E após já ter passado uma noite inteira  tentando dormir pelos cantos do aeroporto (pra não ter de pagar hotel), estou aqui de volta sentado no chão aos fundos de uma casa de comida japonesa, aguardando meu vôo.

Rio, saudade de ti. Recife, uma pena que não nos conhecemos melhor. São Paulo, ainda não foi dessa vez que se livrou de mim.

Câmbio, B.O.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

ETC, Recife e Nighthawks

Cheguei em Recife. Tive que vir até aqui pra realizar minha entrevista pra conseguir o visto norte-americano. Agora são 23h10 e minha entrevista está marcada para as 12h de amanhã. Medo. Medo de ter esquecido algo, de falar alguma coisa errada, de todo esse esforço ter sido em vão. Agora é torcer.

Outro dia me ligaram da Telem. Achei engraçado. A ETC contactou a Telem pra que eles me sondassem. Afinal, quem é esse muleque, estudante, que vai ao encontro deles vindo de outro país? Perguntaram se eu falava inglês fluente, se isso seria um problema pra mim. Eu ri...

Reservei uma vaga num albergue bem próximo ao centro de convenções. Coisa de 10 minutos andando. Tudo bem que vou dormir com um olho aberto (divido quarto com outros 5...) mas acho que vale a pena o esforço.

Quanto às instâncias do evento que escolhi, tentei focar em questões relacionadas às mesas da família EOS (ION em particular). Outros assuntos que me interessam são ligações por sistemas de rede (ethernet) e uma instância em particular que falará sobre MIDI. O primeiro dia do evento é que ainda está um pouco nebuloso. Devido à minha inscrição tardia, não consegui vaga na instância de treinamento avançado na ION. Estou na lista de espera. A opção para isso seria a visita à fábrica da ETC (que fica em Midleton). A ideia até é interessante: eles recriaram dentro de um galpão uma rua da década de 40 inspirada no quadro "Nighthawks" de Edward Hopper. A iluminação toda utilizando equipamento próprio ETC, claro. Acredito realmente que seja algo interessante de se ver. Mas essa instância acontece só a tarde enquanto o treinamento acontece o dia todo, aproveitando assim muito melhor o dia.

Outra coisa: recebi um email há uns dias da ETC avisando que eles farão o anúncio oficial de lançamento de algum novo produto no evento. não adiantaram muito, ou melhor, quase nada do que seria esse novo produto, mas aparecia palavra console no email. Pra quem não sabe, essa é a expressão correta pras nossas "mesas" e é assim que eles se referem  em inglês. Portanto, seria a novidade uma nova mesa ou uma nova linha de mesas? E se for esse o caso, levanto a questão: teriam as famílias EOS e Congo já atingido o limite de seu potencial? Esperemos.

Câmbio, B.O.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O problema do carteiro chinês

Saí de casa hoje pra assistir um espetáculo com esse título. Despretensiosamente, a convite de minha namorada. Tendo me surpreeendido com uma apresentação (ou intervenção? ou...) dos Narradores logo na porta, logo subi pra me posicionar. Peguei um lugar bem à frente, quase em cima dos atores. Até então, a única informação que tinha sobre o espetáculo era de que a iluminação é de minha amiga e formadora Grissel Piguillem.

Entramos na enevoada sala pra nos depararmos com atores já em ações sob uma luz bastante difusa, fruto de pequenos fresnéis de 300W muito bem utilizados e da fumaça que estabelecia todo o clima inicial do espetáculo. O equipamento não é de forma alguma ocultado, mas muito bem colocado, discreto, nos cantos.

Vemos a mescla de vários equipamentos diferentes, de lâmpadas fluorescentes gelatinadas presas à parede, fresnéis e setlights de jardim, desses de 100 a 150W. Apesar de alguns mal posicionamentos em relação à luz (que acredito terem sido culpa dos atores), todo o espaço é estabelecido por meio de focos específicos, não havendo muito o que se poderia considerar uma geral. A coisa mais próxima disso seria a luz de um retroprojetor que projetava fotos sobre algumas cenas, dando a elas uma leve luz e criando algumas propostas de interação atores/fotografia. Contudo, acredito que, em muitos momentos, o uso dessas projeções era desnecessário, não tendo elas acrescentado tanto ao significado do quadro.

Aliás, digo quadro porque não se pode dizer que fossem estabelecidas cenas propriamente ditas (ao menos, acho que não). Trabalhando o silêncio e a comunicação por meio de placas com textos, os atores montavam quadros encadeados sutilmente por uma "história". Um carteiro, sua mãe, viagens... fantasia! Vemos os sonhos, desejos e delírios dessa figura manifestada num carteiro e sua bicicleta.

Baseado nas obras do fotógrafo chinês Maleonn, o espetáculo cria uma tênue amarração que articula esse universo de fantasia do artista. Aliás, em minha pesquisa, cheguei a um texto do próprio Maleonn que justifica e explica seu trabalho.

Mas sinto que explicações e amarrações não são de fato qualquer preocupação por parte do espetáculo, trata-se de uma experiência sensorial, fundamentalmente visual das obras do fotógrafo. E nesse sentido, vejo êxito principalmente por parte do trabalho de luz que ajuda a criar as atmosferas necessárias a cada situação. O jogo de luzes, sombras e luzes duplas (meu efeito preferido!) no tecido branco são bastante interessantes e criam a atmosfera de mistério de muitos momentos, muitas das figuras que cruzam o caminho delirante do carteiro. A pequena fonte alimentada por bateria na frente da bicicleta do nosso "herói" consagra a luz como a cereja no topo do bolo. Atenção especial também pra luz de vapor de sódio que vem da rua em alguns momentos que, querendo ou não, interfere muitas vezes na cena , ajudando na construção. Apenas na cena final ela poderia ter ficado de fora , deixando só a luz da bicicleta.

Como curiosidade final, a expressão "O problema do carteiro chinês" refere-se, na verdade, a um problema matemático resolvido por um estudioso chamado Euler sobre o encontro dos menores caminhos dentro de dadas circunstâncias, ou grafos como chamam os matemáticos, mas que eu mesmo fui incapaz de entender (minha mãe bem que disse pra eu ficar na engenharia). Quanto a saber se a expressão vem de alguma fábula chinesa anterior ao problema matemático, não consegui descobrir.


"O problema do carteiro chinês"

Direção: Maurício Perussi
Elenco: Francisco Lauridsen (O Carteiro Chinês), Luisa Nóbrega (Perséphone), Marco Biglia (O Homem dos Casais), Sofia Bito (A Mulher dos Casais), Quel Morales (A Mãe do Carteiro)
Sonoplastia: Miguel Caldas
Cenografia e Figurinos: Amanda Antunes
Iluminação: Grissel Piguillem
Duração: 30 minutos
Recomendação: 16 anos

Câmbio, BO.

ETC CUE

Recebi um email da ETC. Falava de um evento que eles organizam anualmente chamado ETC "CUE - Create. Understand. Experience." Pensei comigo: Gostaria de ir, acho que seria interessante.

Lembrei que existia o programa Kairós de oportunidades na escola. Pensei: será? E a resposta veio em seguida: o máximo que vou receber é um "não". Escrevi o projeto, enviei e... voilá! Viagem confirmada para Julho!

Mas o que é o CUE? Tratam-se de 3 dias de seminários, palestras e workshops sobre as tecnologias ETC. Claro que seria específico, afinal, o evento carrega o nome da empresa. E pra quem não sabe o que é ETC, (o que você está fazendo nesse blog?!?!) é uma das maiores fabricantes de equipamento luminotécnico do mundo com sede em Middleton, no estado norte-americano de Wisconsin. ETC significa "Electronic Theatre Controls" ou "Controles Eletrônicos Teatrais".

Quando estiver viajando, postarei aqui tantas atualizações quanto eu conseguir. Até lá, usarei o blog pra ir atualizando vocês das novidades acerca da viagem.

Por hora, o que posso dizer, é que estou cuidando do meu visto norte-americano (terei que ir até o Recife pra fazer a entrevista...) e estou estudando melhor a ETC e seus produtos pra não chegar lá tão ignorante. Aliás, vocês sabiam que, a partir de Julho, a ETC passa a fabricar fresnéis? Achei interessante...

Câmbio, BO.

sábado, 28 de maio de 2011

Blog inaugurado

Bom, sou novo nessa coisa toda de blog e estou ainda descobrindo como funciona. Em breve, postagens sobre algumas de minhas últimas novidades. São elas: o experimento do Módulo Azul da SP Escola de Teatro e minha tão aguardada viagem pra conferência da ETC em Madison!
Aguardem.