terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Viagens Troianas - Parte 2

Sei que faz bastante tempo, mas falarei do fim da turnê do Hécuba ao menos para dar um desfecho ao assunto e relação dos teatros. Pelo grande tempo, devo ter esquecido muitos detalhes, mas tentarei falar do que lembro. Os teatros seguintes à última lista foram:

Teatro Pedro II, Ribeirão Preto;

Teatro Municipal de São José do Rio Preto;
Teatro São Pedro, Porto Alegre;

Teatro Pedro II -> Lindo teatro em formato ferradura, acústica impecável, grande palco. No entanto, uma característica bastante peculiar: possui uma enorme quantidade de refletores de 2kW e quase nenhum de 1kW. Além disso, as varas, embora elétricas, não são devidamente contrapesadas, o que nos obriga a manter refletores em certas varas para o simples propósito contrapeso. Bastante estranho, mas foram problemas facilmente contornáveis. O que me incomodou muito mais foi a atitude de um dos funcionários que ficou no turno da noite e seria o responsável por me ajudar na afinação. Mal havia chegado, estava no teatro há apenas uma hora e queria transferir a afinação da luz para o dia seguinte de manhã. Claro, ele não estaria lá nessa situação. Convencemos o funcionário de que deveríamos ficar e procedemos com a afinação. Nessa situação, onde dispunha somente desse funcionário e de um garoto sem tanta experiência para realizar a afinação, meu sistema de controle remoto (falarei sobre ele em outro post) fez-se essencial para ganhar tempo.


Teatro Municipal de São José do Rio Preto -> Aqui não há muito que dizer. Teatro grande, mas simples, equipamento relativamente velho, mas bem cuidado. Uma sala para o rack no canto do palco para a montagem. Uma mesa ETC Express 24/48. No proscênio, duas varas, uma SOBRE a outra (ao invés de uma atrás da outra) criando varas em alturas diferentes no lugar de distâncias diferentes. Havia dois técnicos na casa que me atenderam muito bem.


Teatro São Pedro -> E chegamos ao último teatro de nossa turnê onde fecharíamos nosso ciclo de apresentações. O teatro São Pedro é bastante famoso tanto em Porto Alegre quanto no resto do Brasil entre outras coisas pela administração de Dona Eva, uma senhora que cuida desse teatro com punho de ferro, mantendo seu alto padrão de qualidade. Teatro do tipo ferradura, possui um palco de tamanho médio, isso graças ao grande espaço ocupado por elevador e espaços para maquinaria. Possuem uma grande equipe de técnicos e um elevador que vai do fosso e surge de um alçapão no centro do palco o que é ótimo para levar cenário e equipamento cênico. São bastante rígidos em relação a cronograma e medidas de segurança. Enquanto o alçapão estava aberto, havia cones com correntes em seu entorno e não me foi permitido fazer qualquer tipo de montagem dentro do palco. Assim, fiquei um bom tempo coordenando as equipes que montavam nas frisas. À noite, durante a montagem, tivemos problemas sérios com o cenário. Assim, interrompi a montagem de luz e não realizei a afinação para que nosso cenotécnico pudesse ter luz, espaço e calma para resolver seu problema. Com isso, tomei uma decisão ousada: percebendo que não conseguiria afinar E programar toda a mesa para o espetáculo à noite (a mesa oferecida pelo teatro era uma Avolites Pearl 2010, na qual eu nunca tinha operado esse espetáculo e, portanto, não tinha um show salvo), resolvi operar utilizando meu ipad. Eu já o havia utilizado para processos de afinação de luz, mas nunca para operação. Já de posse dos canais, fiz o patch assim que cheguei ao hotel naquela noite e, com isso, possuía o show inteiro montado. Tive que fazer alguns leves ajustes devido à dinâmica particular do aplicativo do ipad e tive que pensar, pela primeira vez, nos tempos de cada transição. Sim, até então eu sempre operei na mão porque preferia assim e o espetáculo não tinha tantas Cues. No final, tudo correu relativamente bem. Havia ajustes a serem feitos do primeiro para o segundo dia, a luz não ficou perfeitamente operada e pude perceber algumas limitações do aplicativo que utilizei. Mas o mais importante, pra mim, foi que finalmente tive a oportunidade de testá-lo plenamente. Talvez eu não devesse ter feito isso num dia em que o diretor estava presente, mas tudo pelo bem da ciência!


E assim termino minha pequena saga com o espetáculo Hécuba. No geral, posso dizer que foram nove cidades de muito aprendizado, muitas felizes experiências e um trabalho do qual me orgulho muito. Fiz amigos, conheci pessoas e lugares e me considero um profissional bem mais capacitado depois disso tudo.


Cambio, B.O.

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