segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Crônica da Casa Assassinada


E chego a um novo projeto: “Crônica da Casa Assassinada” com direção de Gabriel Villela e iluminação de Domingos Quintiliano. Já tendo cumprido temporada no Rio de Janeiro (teatro Maison de France), pego a adaptação para os palcos do meu conhecido SESC Vila Mariana.

A montagem começou dia 13 de setembro e teríamos três dias pra realizá-la, sendo a estréia no dia 16. De posse do mapa que recebi do Domingos (já adaptado), fiquei tranqüilo pensando que teríamos tempo de sobra.

A situação toda se complicou logo no primeiro dia quando descobri que Domingos não poderia estar presente o dia todo e a montagem ficaria na minha mão pelas instruções que ele havia me passado. É bem verdade que ele me passou um material extremamente útil: fotos da afinação de cada canal. Ainda assim, haviam detalhes que eu desconhecia, além de não conhecer a peça no todo (a não ser por vídeo).

Esses dois primeiros dias foram confusos pra mim, fiquei bastante receoso. Fizemos o que pudemos no teatro, dentro do limite do quanto consegui entender do material que me foi passado. Fiz adaptações. As possibilidades de angulações no Vila Mariana eram muito diferentes daquela do Maison.  Percebi, por exemplo, que não poderia fazer a parte da geral que pega o fundo do cenário com os refletores da sanca porque eles projetariam as sombras dos refletores da vara de proscênio sobre o palco. Assim, criei uma nova geral composta de 6 fresnéis de 1kW na vara de proscênio que acredito ter resolvido bem a situação.

Outro probleminha com que me deparei foi que o elipso que fazia o efeito verde na cruz atrás da porta não pegava toda a altura da cruz, deixando a ponta superior escura. Pra resolver o problema, precisaria criar algo que complementasse a mancha verde do elipso. Considerando que tínhamos duas PAR 56 (locolight) sobrando (foram locadas a mais), resolvi utilizá-las pra fazer esse complemento. Instalei-as na estrutura superior que suporta as pilastras do cenário. Além da gelatina verde (R86), tive que usar um forte difusor de forma a amaciar a luz desses refletores já que a mesma é bem suja.

E probleminhas desse tipo foram surgindo a todo instante, coisa mais ou menos normal de acontecer entre a concepção de um projeto de luz e sua execução. Talvez uma das questões que mais me incomodou nesse processo todo foi o que considerei minha inabilidade de coordenação de montagem. Percebi que ainda tenho muito o que aprender  sobre essa área e devo me preparar e organizar melhor nesse sentido. Quando nessa posição, a equipe olha pra ti em busca de respostas e soluções, ordens claras, rápidas e precisas. Dúvidas tornam-se sinal de fraqueza e incompetência e por vezes vi-me nessa situação. Só não foi pior porque eu, ao menos, conheço o pessoal da casa e a equipe que estava presente era de colegas com quem estou normalmente trabalhando.

Por fim, o grande dia: a estréia. Não tendo feito um ensaio técnico completo e contando apenas com o que vi do ensaio dos atores e do vídeo, parti pra operação com mãos trêmulas. A mesa utilizada foi a da casa, uma ETC Express 48/96. As cenas foram salvas em subs em quatro páginas  cada uma com 13 cenas aproximadamente.  Domingos preferiu assim por ter feito dessa forma em um dos lugares por onde a peça passou e ele utilizou uma mesa Avolites onde ele simplesmente  girava o rolo para a troca de página.

Devo dizer que nesse momento,  a figura de César Augusto foi essencial. Esse assistente de direção, sentado ao meu lado, guiou-me durante toda a apresentação, ajudando em todo o processo de operação. Claro, não foi perfeito e muita coisa teria de ser trabalhada pros dias seguintes. Mas também não fui tão ruim quanto imaginei que seria. No geral, senti que consegui respirar junto com os atores e tudo fluiu.

Semana seguinte e primeira remontagem. Novamente tenso, com medo de não encaixar as peças nos lugares certos. Mas sinto que estou conhecendo cada vez mais essa peça, que faço parte da história já de alguma forma. Que ajudo a contá-la.

Quanto à peça em si, devo admitir que tive um certo preconceito à primeira vista, mas agora me apeguei. Tenho apreço particular por certas cenas como a do bêbado. Achei interessante que o elenco e a direção reforcem diariamente a idéia de um aquecimento coletivo. Acho legal a atitude dos atores que todos os dias cumprimentam a todos da equipe e reconhecem nossos trabalhos. Parece meio óbvio, mas nem sempre essas ações são tão comuns assim.

Coloco a seguir o mapa atualizado para o palco do Teatro do SESC Vila Mariana.




Ficha Técnica


Elenco: Cacá Toledo, Flávio Tolezani, Helio Souto Jr., Letícia Teixeira, Marco Furlan, Maria do Carmo Soares, Pedro Henrique Moutinho, Rogério Romera e Sérgio Rufino
Atriz convidada: Xuxa Lopes
Direção: Gabriel Villela
Cenografia: Márcio Vinícius
Figurino:Gabriel Villela
Iluminação: Domingos Quintiliano
Sonoplastia: Gabriel Villela
Operador de luz: Fernando Azambuja
Operador de som: Marcelo Violla
Direção de palco: Alex Peixoto
Camareira: Marlene Collé
Assistência de direção: César Augusto e Ivan Andrade


Serviço
SESC Vila Mariana
Rua Pelotas, 141 - Vila Mariana
De 16.09 a 16.10
Sextas e sábados às 21h
Domingos às 18h


Câmbio, B.O.