quarta-feira, 27 de julho de 2011

3º dia de CUE

Chegamos ao último dia. Foi estranho mas já cheguei no centro de convenções com aquela sensação de despedida, de ser uma pena aquilo tudo estar acabando. Foi tudo muito incrível. Estrutura bacana, organização muito boa, infraestrutura pros participantes, material, atenção por parte dos profissionais... enfim, dá pra entender que a coisa realmente foi muito bem preparada.

Ontem, pela minha apresentção, o Joe, responsável pelas apresentações, me deu um vale brinde em que eu poderia pegar qualquer item da loja de lembranças da ETC. Chegando lá, resolvi que queria o DVD de treinamento básico da ION. Descobri, pra minha tristeza, que o DVD era, tecnicamente, um produto e não um dos souveniers da loja. Portanto, meu cupom não valia pra ele. Contudo, após conversar com algumas pessoas, colocar meus motivos, resolveram aceitar e pude levar o DVD. Entregarei pra escola como material didático. Aguardem.

O dia começou com uma palestra do Jason Lyons, um famoso iluminador de espetáculos da Broadway. Pareceu-me um cara sensato, o tempo todo colocando em perspectiva algumas questões bem obtusas levantadas pelo público.Uma característica interessante do discurso dele é que, por ele ser da Broadway, o nível de equipamento com que ele trabalha é simplesmente algo descomunal com o qual eu nem sequer imaginava. Coisas como 400 Parleds, 200 movings e 8 mil canais de mesa são coisas comuns pra ele. Chegou a falar de um espetáculo que ele fez que tinha em torno de 1400 cues...

Fui pra minha primeira aula do dia. Sistemas de rede, particularmente, o sistema Net3 da ETC. Foi muito interessante entender também um pouco das possibilidades dessa nova forma de interligar o equipamento, as vantagens que isso oferece. Foi outro espaço em que fui avassalado por números. Pelo Brasil, não sei se já temos esse equipamento, mas a ETC tem toda uma linha de equipamentos voltados pra iluminação arquitetônica e os sistemas arquitetônicos e teatrais conversam entre si. O palestrante colocou um exemplo de um lugar em que eles montaram a estrutura e era algo descomunal. Ele chegou a falar que 16 mil canais eram pouco pra esse projeto. Citou que, certa vez, alguém por engano chegou a ligar no sistema de dimmers todas as luzes do local. E a fornecedora de energia da região ligou pro local pra saber o que estava aontecendo... (esperem o post da fábrica da ETC...)

Fomos almoçar e assisti a apresentaçãoes de outros participantes do evento. Alguns trouxeram umas coisas bem interessantes. O que mais me chamou atenção foi o último. Era um cara que adoarava construir soluções criativas pra novas fontes de luz. A forma como ele construiu uma tocha elétrica, vagalumes e outras traquitanas foi simplesmente genial!

A próxima aula era uma palestra conjunta do Jason com o programador dele, o Victor Seastone. Sei que parece estranho falar em programador na iluminação, parece coisa de informática. Mas por aqui, isso é levado muito a sério, principalmente na Broadway onde as coisas são absurdamente grandes. Ele falou de algumas experiências dele e algumas práticas que ele considera importantes em seu trabalho.

Sigo pra mais uma aula. Dessa vez, manutenção de equipamentos. Admito que o palestrante não tenha me revelado nenhuma grande novidade, mas valeu porque peguei alguns detalhes interessantes dos racks e dimmers ETC.

Fomos pra última aula do dia e do evento como um todo. "Resolução de problemas" era o nome. O palestrante é um dos responsáveis pelo atendimento ao consumidor da ETC e é quem resolve a maior parte dos problemas dos clientes. Ele também não ensinou nenhuma mágica mas ajudou a construir uma mentalidade de resolução de problemas interessante. Estabeleceu algumas práticas, métodos, caminhos possíveis, tudo de forma bastante abstrata, de tal forma que aquilo poderia ser aplicado a qualquer sistema, não só ETC.

Um detalhe interessante sobre essa palestra é que o palestrante é um dos responsáveis pelos treinamentos ETC. Acabando a aula, conversei com ele sobre a "questão Telem" e um pouco sobre a escola. Ele me disse que tem planos pra América no Sul, mas ainda não estruturou muito bem por falta de tempo e porque é algo que ele ainda deve pensar a respeito. Deu-me seu cartão e disse pra entrar em contato com ele pra pensarmos alguma coisa, talvez até mesmo incluindo a escola. Quem sabe?

Outra pessoa que me deu seu cartão foi a assistente do gerente regional para a América do Sul, Heidi. Disse que, qualquer problema, poderia entrar em ontato com ela. Enfim, alguns contatos importantes de se ter.

E foi assim meu último dia na CUE ETC. Após despedir-me de alguns, saí de lá com a sensação de "quero mais". Foi muito boa a sensação de ter contato com alguns conhecimentos realmente novos. Nem sequer tive a chance de visitar o laboratório deles pra experimentar nas mesas as coisas que aprendi. Mas acho que valeu. Amanhã, ainda estarei por aqui e vou dar uma volta pela cidade. Acho que foi um evento gostoso onde todos ali se sentiram acolhidos pelo pessoal da ETC. Nesse sentido, acredito que o discurso do Fred (ver post de ontem) não era falacioso. Ficam aqui os votos pra que, de fato, esse evento volte a acontecer. E que eu possa viver essa experiência bacana mais uma vez.

Câmbio, B.O.

2º dia de CUE

E chegamos ao segundo dia como já esperado: exausto e tremendamente nervoso pela apresentação que iria ocorrer na hora do almoço. Consegui terminar de montá-la ontem à noite, mas estava longe de devidamente ensaiada e estudada. Cheguei ao Centro de convenções e me deparei com a apresentação do Fred Foster, CEO da ETC. O cara pareceu ser bem trânquilo, gente boa mesmo. Claro que, apesar de uma parte do discurso ser bem bacana, contando a história da empresa quando ele começou a fabricar seu primeiro console na garagem dos pais junto com o irmão, também teve muito papinho de vendedor tentando vangloriar a própria marca.

O interessante da apresentação, além de conhecer um pouco da trajetória da empresa, foi que ele utilizou um protótipo em que a ETC está trabalhando: elipsos de LED. Qualidade? Admito que achei bem interessante. Acredito que conseguiram atingir um campo bem amplo de cores do espectro, isso porque acho que usaram os mesmos conceitos de LEDs que foram usados nas linhas Selador e Desire, onde você tem sete cores báscicas pra tentar montar o espectro. O branco, é claro, não tinha a mesma temperatura de um elipso com halógena, mas ainda assim gostei bastante do brilho. A promessa deles é atingir o branco solar.

Terminando a apresentação, começaram as sessões. Aqui, devo admitir que meu dia já não foi tão produtivo quanto ontem. Hoje, pra mim, ficou clara uma certa diferença que existe entre os modos de produção e poder aquisitivo brasileiro e americano. Eles são muito mais ligados a essa questão tecnológica do que nós. Até mesmo pela facilidade que têm em conseguir materiais. Soube, por exemplo, que e ETC fornece material gratuito pros teatros de algumas escolas com finalidades de beta teste. Logo, se eles têm acesso a esse tipo de material, então eles também entenderão muito melhor uma série de conceitos relacionados a essas tecnologias que nós não temos por terras tupiniquins. E foi aí que comecei a ficar perdido.

Minha primeira seção foi sobre a filosofia de programação dos consoles. Em outras palavras, seria algo como explicar o porquê que algumas coisas na mesa funcionam da forma como funcionam. Não que não tenha sido útil mas, ao longo do dia, fui percebendo que alguns assuntos simplesmente requeriam um certo conhecimento anterior que eu não tinha.

Acabada essa seção, tivemos o intervalo do almoço em que não comi pra aproveitar e estudar um pouco melhor minha apresentação.E veio a apresentação. Comecei a tremer, gaguejar, suar frio. Eu dominava sim o assunto, mas tinha o lance do formato Pecha Kucha que eu deveria seguir (20 slides de 20 segundos, totalizando uma apresentação de 6'40") e além disso meu inglês já não está tão bom quanto á foi em tempos idos. Eu compreendo boa parte do que escuto, mas ando tendo uma certa dificuldade pra falar. Simples falta de costume, mas nada disso me consolava pra apresentação. A ideia é que eu começasse falando um pouco sobre minha relação com a escola de daí partisse pro Guilherme, Vertigem , estudo de caso do BR-3 e daí, por fim, chegar ao projeto do Hamlet Machina. Pois bem, fiz o melhor que pude, quase desfalecendo de nervoso na frente daquele povo, sem saber exatamente se aquela galera mega profissional e com outra cabeça gostaria do meu trabalho mambembe.

Pra minha total surpresa, acredito realmente que fui bem recebido, ao menos pela maioria. Muitas pessoas vieram falar comigo depois de como aquele assunto era interessante e como eles ficaram fascinados com a ideia de fazer algo tão legal com tão pouco. Admito que fiquei bem felliz com essa recepção, as pessoas foram bastante simpáticas e deram bastante suporte. Principalmente o pessoal da ETC que o tempo todo me apoiou e fez de tudo pra me ajudar (até levar algo pra eu comer quando eu cheguei atrasado na aula e não tive tempo de tomar café!).

Aliás, só como um aparte, é incrível como essa viagem tem sido interessante no que diz respeito às pessoas generosas e prestativas que tenho encontrado pelo caminho. Desde minha saída de São Paulo quando as atendentes da Cia aérea me ajudaram a remarcar o vôo até uma moça aqui do albergue que me cedeu um pouco da comida dela, do cara que chegou de madrugada e me ouviu com a maior paciência do mundo ensaiar minha apresentação até o outro que me arranjou uma toalha quando eu achei que tinha perdido a minha, da menina da ETC que me trouxe comida dentro da sala ao meu parceiro de mesa do primeiro dia que teve a maior paciência em me ensinar uma monte de coisas, todos esse encontros me fizeram acreditar um pouco mais na humanidade.

Então continuamos com mais algumas aulas (sobre MIDI e pixel mapping) e chegamos ao fim das aulas de hoje. Vem a parte legal: piquenique na fábrica da ETC! Na porta do centro de convenções um ônibus nos buscou e levou até lá. Comemos e bebemos do lado de fora, em tendas montadas num gramado em frente à fábrica.

O próprio Fred apareceu em determinado momento vestido de sorveteiro e como eu já tinha terminado meu almoço, resolvi pegar um picolé e levar um papo com meu amigo Fred. Devo dizer que tomei coragem pra levantar o assunto Telem e ele ficou interessado...


Depois disso, entramos na fábrica e nos deparamos, logo na sala inicial, com o que eles chamam de Town Square. Vejam vocês mesmos.


E vejam que legal a tigela de doces deles.


Depois dessa sala inicial, entramos na fábrica propriamente dita. O problema é que essa parte, acredito, exige um post particular deste blog. Muitas fotos, muita informação e já está tarde e amanhã tenho que acordar cedo novamente. Por hora, fica aqui um gostinho.


Câmbio, B.O.

terça-feira, 26 de julho de 2011

1º dia de CUE

E chegou o grande dia. Às 9h da manhã começava o motivo de toda essa minha grande odisséia pra estar aqui. Tendo que resolver algumas burocracias de registro no albergue, acabei não conseguindo chegar tão cedo ao evento e perdi um café da manhã incrível que eles ofereceram aos participantes. Passei no registro pra pegar meu crachá e meu material e fui correndo pro meu workshop de Treinamento Intermediário em mesas Ion.

Acabei tendo tempo pra me acomodar tranquilamente na sala, mas ainda estava frustrado e com fome por ter perdido o café da manhã. E estava preocupado também, pois ainda estava devendo minha apresentação que farei amanhã.

A aula começou e fiquei feliz que consegui acompanhar pelo menos uma boa parte. Ficamos das 9h às 16h com alguns intervalos nesse período. O material deles é impecável. Recebemos uma apostila muito boa com vários exercícios práticos, caderno, caneta, bolsa e até um pendrive de 2gB! Isso mesmo. A presilha do crachá, quando solta do cordão que o acompanha, revela um pendrive que já veio com vários arquivos de documentação sobre o evento e produtos ETC.



Os instrutores eram realmente bons, sabiam muito sobre a mesa, detalhes absurdos. A maioria de nós treinou numa Ion, em dupla. Outros em mesas EOS, muito similares. O tempo todo, tínhamos um PC ao lado rodando Capture (um software de visualização). Portanto, não era só teoria, tínhamos como ver o que fazíamos.



Dei a sorte de ter um bom parceiro ao meu lado. O cara já sabia muita coisa. O Chris trabalha como diretor técnico do teatro de um colégio numa cidade vizinha de Madison. Ele me ajudou muito e graças a ele posso dizer que saí daquela aula com uma boa sensação de que realmente entdendo um pouco melhor esse console.

Após a aula, momento descontração: coquetel e bate papo.
De repente, a grande expectativa da noite: o anúncio do tão esperado novo produto ETC.
Trata-se de um novo console chamado Gio. Seria um console voltado principalmente a produções de médio porte (quase o mesmo nicho a que se destina a Ion). Ainda é um produto da família EOS, então a interface ainda é bastante parecida e o diálogo entre protocolos, arquivos etc. ainda acontece.


Além de uma série de mudanças na estrutura interna de programção, haviam algumas características grandes bem marcantes:
- Ela vem com dois monitores touchscreen embutidos cuja altura pode ser regulada e tem saída pra mais 3 monitores DVI totalizando 5 monitores que se pode ter
- Muito menos faders que na maioria das mesas. Como na Ion, os faders podem ser configurados pro que o programador quiser que ele seja. Há a possibilidade de expansão com fader wings adicionais conectados via porta USB
- Entre os dois monitores, há um espaço com uma série de botões personalizáveis
- Como a Ion, será vendida em versões que variam de acordo com o número de universos

Esse brinquedo começará a ser comercializado em setembro. Interessante? Acho que ainda prefiro a Ion.

Depois disso, tive que dedicar um tempo a terminar minha apresentação afinal, a Sarah, a funcionária da ETC que ficou responsável pela minha apresentação estava me dando a maior força e não podia deixá-la na mão. Então agarrei uma cerveja e voltamos ao trabalho!


Lembram do Nick? Aquele americano que chegou a ir na SP Escola de Teatro pra nos apresentar as ribaltas da linha Selador? Encontrei com ele por lá. Estou pensando em formas de abordar o assunto "Telem"...

Há alguns detalhes a mais que eu gostaria de compartilhar com vocês, mas já são 3h46 da madrugada por aqui e acordo cedo amanhã. O presidente e co-fundador da ETC, Fred Foster faz um pronunciamento às 8h. Então perdoem-me o cansaço. Mas deixo aqui uma última imagem da vista do salão principal do centro de convenções.


Câmbio, B.O.

domingo, 24 de julho de 2011

Da viagem

São 15h15 agora. Ao menos esse é o horário aqui em Madison, cidade pitoresca do estado norte americano de Wisconsen. Acabo de chegar e fazer meu check-in no albergue. Até agora, pelo que pude ver, linda cidade. Ruas limpas e organizadas, bom equilíbrio entre o urbano e o provincial. O albergue merece especial atenção: bem limpo, pessoal bacana, lugar colorido. A recepcionista se chama "Pretty". Achei fofo (significa "bonitinha"em inglês).

O vôo foi cansativo. Estou de 12 a 15 horas numa maratona de aeroportos e aviões. E salve as meninas da United que me salvaram de uma fria. Obrigado meninas, estejam onde estiverem.

E já devem ter visto aí nos jornais, mas minha surpresa: aqui está desesperadoramente quente! No albergue, todos os ventiladores ligados, um quente abafado insuportável. À noite, acho que vou dar uma volta no lago pra refrescar as ideias. Mas isso, só depois de terminar minha apresentação que farei na conferência e que deveria ter entregue há dias.

Fotos virão mais tarde, não se preocupem.
Agora vou pra rua. Saudade.

Câmbio, B.O.